#webvoodadepressão

Existe uma companhia aérea que me causa profundo mau humor, mas por responsabilidade jurídica não revelarei seu nome. Nos seus web-jatos, consumimos web-barrinhas e web-refris servidos pelas mãos de web comissários e web-aeromoças. E o web-piloto sempre dá web-boas-vindas a toda web-tripulação. É tudo muito web, e isso dá a maior web-deprê!

Devia ser 2006, eu ia pra Porto Alegre visitar dois amigos. Não era meu primeiro voo, mas um dos primeiros – então se hoje eu tenho medo, na época eu tinha PAVOR! Esta web-empresa era nova no mercado, a Varig já estava naquele processo de definhamento e as passagens começavam a ficar mais baratas (par e passo com a classe mal-humorada rica reclamando dos aeroportos virarem rodoviárias). A web-companhia então se esforçava para competir com os preços de artilheiro de campeonato de outra empresa do setor aéreo, emanando web-alegria e primando pelo web-atendimento para, assim, impressionar seus novos web-clientes: muitos de fato elogiavam e por isso comprei minha web-passagem Rio-POA.

Entrei no web-avião e sentei numa web-poltrona razoavelmente confortável, ainda que fosse uma daquelas na primeira fileira. Fiquei esperando, taquicardíaco, a web-decolagem. Não ocorreu. O web-piloto então informou: “Senhores web-passageiros, informamos que o tráfego aéreo está congestionado e permaneceremos alguns instantes na web-pista, esperando liberação”. É o tipo de informação que não se deve dar! Pois são as seguintes hipóteses que alguém cheio de mau humor e pavor levanta:

1. “O web-piloto está mentindo. Na verdade a porra desse avião tá com defeito!”.
2. “O web-piloto está mentindo. Na verdade Bin-Laden pôs uma bomba no aeroporto e a CIA mandou parar tudo e rastrear!”.
3. “O web-piloto está mentindo. A bomba está no meu assento. FUDEU!” (e começa a procurar!).
4. “Como assim? Existe engarrafamento no céu? Berenice, segura… Nós vamos bater!”.

Quase uma hora depois, após o web-piloto já ter informando as condições de tempo em Porto Alegre umas cinco vezes e no momento em que eu procurava uma maneira de quebrar o vidro da web-janela para sair sem ninguém perceber, o web-avião finalmente decolou. Antes disso, o web-comandante fez o favor de divulgar, como se fosse algo super-mega-hiper-ultra-megablaster-web-positivo, que aquela web-empresa tinha a web-equipe mais jovem do Brasil! “Quédizê que juventude agora virou qualidade?”, pensei. Reflitam: se você precisasse de um advogado para defendê-lo da pena de morte, acharia prudente contratar um recém-formado? Não, mas a web-companhia achou bacana me dizer que eu paguei para voar numa web-máquina (que cai, que explode, que gera web-cadáveres…) conduzida por um web-piloto de fraldas. “Já não basta web-comissários vestirem web-camisetas brancas da Hering e as web-aeromoças não se darem ao trabalho nem de prender seus web-cabelos?”

Se já estava ruim, tudo piorou. Pois surgiu do nada, como se fosse um web-pokémon, uma web-aeromoça que achava que tinha vocação para stand-up comedy!

SÉRIO. O número começou com ela abrindo e fechando web-bagageiros e ameaçando derrubar malas sobre os web-passageiros. Recentemente a tevê tinha passado um quadro da Regina Casé, acho que no Muvuca, em que  a atriz fizera o mesmo (não achei no YouTube) e a web-comissária tentava imitar. “Queridããmm, você NÃO É a Regina Casé!”. Não satisfeita, ela começou a contar, toda web-fanfarrona,  o quanto ela sofria na Varig, como era ruim ver aquela tradicional empresa falir daquele jeito e o quanto seu novo web-emprego era web-demais!

“Quando este sofrimento vai acabar?”. Olhei para o lado e as pessoas sorriam. Faziam perguntas à web-moça. AS PESSOAS ESTAVAM ACHANDO ENGRAÇADO! “Será que são novos procedimentos da aviação, uma nova forma de entretenimento, quando não tiver filminho pra assistir?”. Foi quando a web-protótipo de Rafinha Bastos começou a contar casos de voos. E a falar de pessoas que têm medo de avião. Disse que toda boa web-aeromoça com web-experiência sabe quando o passageiro tem medo de voar, mesmo que disfarce, pois ela olha na cara e vê, sente… Olhei pro teto, olhei pra janela, olhei pra web-barrinha de cereal… Não adiantou. Com o dedo em riste na minha direção e com um web-sorriso de dar inveja ao dono da Colgate, a web-feladaputa  manda essa, vitoriosa: “Aquele web-passageiro ali tá morrendo de medo!”. O que me fez pensar que minha cara era mais ou menos como essa:

Todos riram (de mim!). Todos bateram palmas (pra ela!). Se houvesse confete, serpentina e purpurina, tacariam (em mim!). A web-escrota ameaçou me dar um abraço, mas olhei tão fulminantemente pra ela que desistiu! Mas o mais impressionante, ao final do web-voo, foi ver que os web-passageiros  perguntaram se havia web-formulário para se fazer elogios àquela respectiva web-funcionária. Havia. Preencheram.

Não tem humor que resista.

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